No final
da tarde do dia 6 de junho, participei de um evento organizado na Coordenadoria
de Educação da cidade na qual nasci e trabalho. Era a entrega dos tablets aos
professores da Rede Pública Estadual de Ensino.
Como um
dos convidados (havia outra professora), fui, recebi o tablet, tiramos fotos
com o secretário estadual de Educação, Jose Clovis Azevedo, e a coordenadora e,
então, começou uma roda de conversa. Algumas pessoas falaram, incluindo o
Secretário. No entanto, algumas questões pontuadas pelo secretário me
incomodaram um pouco. Eis alguns fatos ditos:
1° - Para
o secretário, precisamos reduzir os índices de reprovação no Ensino Médio;
2° -
Alguns países da América Latina, como Uruguai e Argentina, e países europeus
possuem índices de reprovação/evasão escolar menores que o Estado do RS;
3° - Se
há reprovação, a culpa é do professor, pois se o estudante reprovou é por não
ter havido aprendizagem e o responsável pelo processo de aprendizagem é quem? O
professor, claro.
Mediante
estas falas, minha indignação foi grande, tanta que escrevo esse desabafo.
Primeiro, eu concordo que é necessário reduzir os índices de reprovação e
evasão na escola pública. Não pense o Secretário que meus colegas e eu adoramos
reprovar alunos, mas temos que convir que o processo avaliativo hoje
estabelecido é excludente por si só e não leva em consideração fatores externos
(ex.: fatores emocionais/pessoais que prejudiquem o desempenho de um aluno numa
prova, por exemplo).
Ainda,
duvido muito que a tal da cultura de que "professor bom é aquele que
reprova" seja ainda dominante na classe. Acredito que isso foi, por
alguns, superado e esse discurso não é bem assim. Sabemos disso...
Outro
ponto que me impressionou foi o fato da comparação absurda com países
latino-americanos e europeus, uma vez que estamos tratando de realidades
diferentes, sujeitos diferentes, culturas diferentes. Oras, não sejamos tolos!
Ou, então, teremos também que comparar o quanto esses países investem na
Educação Básica e o quanto o Rio Grande do Sul investe. Mais: quanto os
professores recebem de remuneração em cada um desses países. Não façamos comparações
descabidas!
Para
finalizar, me admira que a pessoa que ocupa o cargo mais importante da Educação
no Estado diga algo desse tipo: "se o aluno reprova, o culpado é o professor".
Ora, eu reconheço que tenho parte influente no aprendizado dos estudantes, mas
vamos levar em consideração que existem outras tantas variáveis nesse processo
e que não são exclusividade do trabalho docente.
Para
finalizar, digo que enquanto a prioridade na Educação estiver relacionada aos
números (índices de aprovação, evasão e reprovação), pouco será feito de
mudança efetiva no ensino. Ou então, enquanto os números a ser analisados sejam
os acima citados, creio que nada mudará.
Professor de Biologia da Rede
Pública Estadual de Ensino
Participe comentando o texto do
professor.
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