O ministro da Educação, Aloizio Mercadante,
certamente desagradou os professores com seus pronunciamentos recentes. Ele
afirmou que é necessário haver um amplo diálogo com a categoria para reduzir o
número de falta dos profissionais ao trabalho e evitar períodos de greve longos
demais, prejudiciais aos estudantes.
O ministro
esqueceu-se de colocar o ponto de vista do professor em sua fala.
A maioria da
categoria só falta por questões de saúde, em grande parte relacionadas ao
estresse da sala de aula e à falta de condições de trabalho.
Mais: as greves, longas ou curtas, ocorrem por
motivo importante. A principal bandeira dos professores hoje, o Piso Nacional
do Magistério, não tem sido atendida país afora. Veja-se o caso do Rio Grande do Sul, por exemplo.
Mercadante, claro, defendeu o direito à greve.
Disse,
porém, que é preciso estabelecer um “diálogo aberto” e um “esforço coletivo”
para tratar do tema. “Os períodos de greve estão ficando longos demais para o
prejuízo que trazem à escola. Muitas vezes, as manifestações precisam encontrar
caminhos mais criativos.
O direito de
greve é um direito fundamental, e lutamos por isso, mas temos tido greves muito
prolongadas em que os danos são irreparáveis e as crianças não têm como se
defender”, disse o ministro à Agência Estado.
Mercadante considera alto o número de faltas dos
docentes da educação pública.“Precisamos fazer uma campanha, ter um diálogo com
os professores para diminuir as faltas." Para ele, não é possível aceitar
os indicadores de faltas registrados hoje no país.
"É verdade que as condições não são as
melhores, que os salários não são adequados, que é preciso melhorar a segurança
na escola, [melhorar] a carreira", reconheceu o ministro.
"No entanto, o que a criança perdeu naquele
dia de aula ela nunca mais repõe”, afirmou. Segundo Mercadante, mesmo que a
aula perdida seja reposta posteriormente, o estudante sofre uma perda
irreparável no processo de construção do conhecimento.
O ministro não deixa de ter razão quanto às
consequências das greves prolongadas. Contudo, não se pode examinar a questão
por apenas um lado.
Ao fazer isso, Mercadante praticamente rotula de
irresponsáveis os professores. E “eles” não são
irresponsáveis como governo?.
Ao contrário.
Em tempos
nos quais todos celebram a volta da população às ruas para reclamar seus
direitos, é indispensável não esquecer que das ruas os professores nunca saíram....
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