O Índice do
Desenvolvimento Humano Municipal do Brasil, o IDHM, divulgado pelo Programa das
Nações Unidas para o Desenvolvimento, o Pnud, revela que as condições de vida
dos brasileiros melhoraram nas últimas duas décadas. Todavia, a pesquisa porta
um alerta, notadamente para os gaúchos: a educação se mantém como o desafio
maior. Mais: ela breca o desenvolvimento.
Antes de
qualquer análise dos dados ofertados, uma pergunta se impõe: afinal, o que é o
IDHM? O IDHM, explico, é um índice composto por três das mais significativas
áreas do conhecimento humano: vida longa e saudável, isto é, longevidade;
acesso ao conhecimento, ou seja, educação; e padrão de vida ou, melhor, renda.
Apesar dos
avanços nos últimos 20 anos revelados pelo IDHM, como disse, a educação persiste
como o grande desafio a ser superado pelo Brasil. Houve, sim, uma importante
evolução do índice, que partiu de patamares muito baixos, mas a educação é a
variável que ainda breca o desenvolvimento.
Na prática,
não há surpresa na análise geral do índice ora divulgado. Tanto a
infraestrutura dos estabelecimentos escolares quanto a qualidade do ensino
ministrado nas escolas, particularmente nas escolas públicas, carecem de
investimentos pesados e de gestão adequada. A pesquisa apresentada leva em conta
o período 1991/2010.
Exclui, pois,
o governo Rousseff. Mas o mapa da mina já está configurado. Os municípios
brasileiros que mais evoluíram foram justamente aqueles que apostaram nas
escolas, nos professores, nos alunos. São Paulo fez o dever de casa e tem 28
cidades entre as 50 melhores; Santa Catarina, 11. Nosso Rio Grande - pasmem! -
só uma única cidade: Porto Alegre. Isso, caro leitor, é sintomático. Algo vai
muito mal!
Um número que
revela o avanço do desenvolvimento humano no Brasil é a quantidade de
municípios do IDHM "muito baixo". Em 1991, eram 85%; hoje, são 0,6%.
Já a quantidade de municípios brasileiros com IDHM "muito alto"
saltou de zero em 1991, 133 em 2000 para 1.889 em 2010. Isso quer dizer que um
a cada três municípios do Brasil tem IDHM "alto".
De outra
feita, o Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil/2013 não reflete a evolução
dos últimos dois anos. Logo, não mostra se melhorou, piorou ou se permaneceu
estável no governo Rousseff. O mapa que compara o Brasil de 1991 com o de 2010
revela o quanto o Brasil melhorou nestas duas décadas, o que inclui os governos
Itamar Franco, FHC e Lula.
Um ponto a lamentar é a situação do Rio Grande do Sul, que não
progrediu no mesmo ritmo do resto do país.
Com o crescimento abaixo da média nacional no
levantamento que considera longevidade, acesso ao conhecimento e renda, o
Estado gaúcho vem perdendo posições ao longo das duas últimas décadas - e a
educação, repito, é o indicador com pior desempenho. No comparativo de 2010 com
o último índice avaliado, em 2000, o Rio Grande cresceu 12,3% na média geral do
levantamento realizado pelo Pnud para o Brasil. Já a média nacional teve
incremento de 18,7%. Na análise comparativa de um período maior, de 1991 a
2010, o crescimento do IDHM gaúcho também foi inferior, 37,6%, enquanto o
nacional alcançou 47,4%.
Hoje o Rio
Grande do Sul ocupa um modesto sexto lugar em desenvolvimento humano, atrás de
Distrito Federal, São Paulo, Santa Catarina, Rio de Janeiro e Paraná. E quando
se analisam os números do Rio Grande com mais profundidade, uma constatação
salta aos olhos: os piores municípios em desenvolvimento humano são, na sua
maioria, os sem asfalto. Isolados dos grandes centros urbanos, despidos de
escolas de qualidade e de condições que favoreçam o desenvolvimento da economia
local, não conseguem sair do atoleiro. Dom Feliciano e Charrua são exemplos
disso.
A Secretaria
da Educação diz que um dos motivos que explicam o declínio progressivo do
Estado em relação ao cenário nacional seriam o elevado índice de repetência e a
falta de acesso à Educação Infantil. Textualmente, fala a secretária adjunta:
"Em 2011 tínhamos no Ensino
Médio o maior índice de reprovação do país e éramos o Estado com menor
cobertura de atendimento à Educação Infantil.
Estamos trabalhando para reverter isso."
Tudo bem.
Mas, em verdade, algo anda muito mal por aqui. Se assim não fosse, o magistério
estadual, insatisfeito, não estaria pensando em nova greve. Não acham?
Comente este post.
Nenhum comentário:
Postar um comentário