Uma das maiores virtudes do jovem é o ímpeto, uma desabalada convicção
de que está certo, uma perigosa inclinação pela aventura, uma decidida vocação
por sair do casulo e realizar as coisas.
Pais e avós, entre os quais me incluo, se apavoram com isso. Normalmente
esquecemos que fomos jovens, principalmente quando isso represente mais de meio
século... e portanto, aparentemente justifique o esquecimento.
Mas, o melhor é não esquecer.
Aliás, Cícero, o notável tribuno, escritor, filósofo e historiador
romano, recomendava um simples exercício para manter a memória saudável, tão
necessária para todos e mais ainda para quem já passou de quatro ou cinco
décadas de vida: à noite, antes de dormir, procure escrever para registrar tudo
o que fez desde a hora que levantou, descreva o dia inteiro desde que
despertou.
Mas, se a juventude carrega virtudes tão fortes e decisivas que faz os
futebolistas pensarem neles como “avantes”, “dianteiros” (ou forwards como se
dizia quando o futebol chegou da Inglaterra) e na meia idade para os zagueiros
(ou backs...) é fácil aplicar esta filosofia de vida para os fatos do dia a
dia.
Então, quem assistiu muita coisa ao longo dos anos, primeiro pensa, vira
e revira os acontecimentos, antes de tomar uma decisão ou manifestar-se
publicamente.
Por isso que é difícil, no meio da confusão que se armou no país, pedir
que todos tenham suas posições ou evitar que alguém rotule de covardia o que
poderia ser chamado de prudência.
“Bem, mas assim o país não anda!” - argumentaria um jovem desses de
hoje.
Que bom que existam, isso sim.
Mas, quem já viu tanta coisa, tem o direito de se demorar um pouco mais
para apresentar suas conclusões.
Não é por nada que entre os aborígines brasileiros, existia o sistema de
organização política e social, com as tribos mantendo o seu “Conselho de
Idosos”.
Ou “mais velhos”, ou “anciões”, como se quiser, o que explicava
plenamente a demora de um organismo desses se manifestar.
Isso é o que precisamos neste momento. Pois, se é verdade que foi a
explosão popular que fez com que as coisas começassem a andar, também é certo,
que um pouco de cautela e caldo de galinha são bem indicados para o momento que
se vive.
Então, junto com a pressão para que as rodas girem e o carro ande, vamos
prestar atenção para que não se cometam equívocos que possam gerar
arrependimentos e sinalizem uma posterior “volta atrás”.
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